A reação da grande maioria dos adultos depois que seu filho faz
perguntas do tipo "Como eu nasci?" ou "Como o meu irmãozinho foi
parar dentro da sua barriga?" e mesmo quando "flagramos" a
criança brincando com os seus órgãos genitais é de surpresa e, em alguns casos,
de constrangimento.
Os valores culturais e morais, ainda que diferentes e mais abertos do
que anos atrás, ainda nos remetem infância à pureza e inocência. Crianças são
puras e inocentes no sentido de que quando brincam de médico ou tocam suas
partes íntimas não tem idéia de libido e sexo como os adultos, apenas estão se
descobrindo e sentindo prazer no que fazem.
São os adultos que erotizam as atitudes da
criança, dando um sentido distorcido, proibido e, por vezes, sujo. Essa não é a
melhor maneira de lidar com a sexualidade infantil. E como já vimos,
sexualidade não é sexo.
A criança desde que nasce está desenvolvendo a sexualidade. Começa pelo
desejo e prazer de se alimentar, de descobrir os pezinhos e as mãos e levar
tudo à boca. Quando começa a se distinguir do outro, descobre as diferenças
entre homens e mulheres e meninos e meninas, brincando até com os órgãos
sexuais do coleguinha. Tudo naturalmente, dependendo da atitude dos pais diante
essas descobertas.
Caso os pais vejam a criança acariciando seu órgão genital na frente de
outras pessoas, ao invés da bronca, diga para seu filho que isso é um ato
íntimo e não pode ser feito na frente de outras pessoas ou simplesmente chame-o
para brincar de outra coisa.
Como agir - Se for brincadeira com outro coleguinha da mesma
idade, deixe passar e converse sobre o assunto depois ou peça para que eles
parem a brincadeira, pois o papai ou a mamãe precisam de ajuda, sem soar como
recriminação. Brincadeiras com crianças da mesma idade não há perigo, o
problema haverá quando uma criança for muito mais velha que a outra, dando
outro sentido à brincadeira.
Já uma masturbação excessiva é significativa de alguma alteração
emocional. Procure um profissional para melhor avaliação e orientação tanto
para a criança quanto família.
Agora, diante de perguntas que peguem papai e mamãe de "calças
curtas", o ideal é responder até onde a curiosidade da criança alcança.
Informações de menos levam a criança satisfazer a curiosidade em lugares muitas
vezes inadequados. Informações de mais, como uma aula completa sobre como o
irmãozinho foi parar dentro da barriga da mamãe podem fazer confusão na
cabecinha da criança ou mesmo superestimular seu filho.
Para começar a responder qualquer pergunta do seu filho, responda com
outra pergunta para saber até onde a curiosidade chega. Por exemplo: se a
pergunta for como os bebês vão parar dentro da barriga, pergunte a ele como ele
acha que os bebês chegam nela. E então comece a sua explicação.
Já as mentiras contadas pelos pais farão com que as crianças não confiem
mais na relação e a conversa sobre sexualidade seja um canal fechado, tendo
como consequência mais tarde uma gravidez indesejada ou mesmo vergonha de falar
sobre um abuso sexual.
Abuso sexual é outro motivo para que se fale sobre sexualidade desde
pequeninos. Já se pode explicar para crianças de até três anos sobre as partes
do corpo e que adultos não podem acariciar certas partes. Mesmo orientar
brincadeiras com crianças da mesma idade e não com crianças mais velhas.
Tudo o que é passado para as crianças com transparência e naturalidade,
sem preconceitos e mentiras, é desenvolvido da melhor maneira sem traumas ou
consequências.
Por: Ana Beatriz Memelli Lopes